Sunday, February 03, 2008

ao sicis, ou melhor dizendo, aos não-cineastas, recomendo que leiam o post de baixo.

Cinema e a Reconstrução.

O cinema nasce. E dá seus primeiros passos. Não pode ser dizer que há o inicio de um “linguagem cinematográfica” pois tudo ainda são experimentações. Um cinema virgem e suas experimentações.

O cinema vai se desenvolvendo. Das experiências tira-se uma’ “nata-comunicativa”. Para se aprofundar agora é preciso deixar bem claro questões da perceptividade sensitiva que o cinema pode te oferecer E de que maneira é passada. Por exemplo: um filme clássico de hoje e a projeção “ a chegada do trem”. As primeiras experiências com o cinema afetam o medo (medo como exemplo de um sentimento qualquer) de uma forma descomunal, assim como, talvez um quadro, uma escultura ou uma performance. O porém, é exatamente o individual, do restrito para o lato, e é nesta questão que surge a nata-comunicativa, que seria o conjunto do geral. O que sobra flutuando é a nata, o assunto comum , daquela forma: os romances, rivalidades, sexo, amor, dinheiro e assim vai.

A linguagem do cinema e suas “armas” se criam. É o cinema clássico. O cinema se CONSTRUIU, ele é o que é. A nata-comunicativa é o meio e a forma que se optou. Podiam ter sido milhões de formas diferentes. Outra linguagem, outros signos , significante e significados. No leite a nata não é nem 10%, e é longo o seu caminho até se tornar leite.

É nesta imensidão branca que vem a LUZ. Se o caminho não é um só vou desconstruir! O cinema Novo, a nouvelle vage, e outros vem e destroem a narrativa clássica. Se desfazem da nata, ou melhor, separam a nata do leite e comem.

E agora me encontro. Em meios de urubus tentando comer do restos da entranha do cinema clássico. Tentando desconstruir o que já foi descontruido. Todos nós já comemos da nata, não adianta procurar entre os dentes um grande diretor. Ele nos mostrou a carnificina agora temos que caçar a nossa presa.

O cinema que vem em seguida é imprevisível assim como a vida é. Mas de meus olhos vejo o cinema clássico desconstruído,junto as outras milhões de peças que formam o cinema no quebra-cabeça que ele é. Todo espalhado no chão. A única coisa em que penso , agora, agachado junto a esta mil peçinhas do quebra-cabeça, é em RECONSTRUIR.

Então agora eu brindo a RECONSTRUÇÃO.

bebado de carnaval

Ele sai de casa. Consigo só dez reais e seu cão. Sua cadela, pra falar a verdade, a Princesa, seu “mescalito”, seu amoleto. E um punhado de perguntas no bolso. Ainda incompreendido pela realidade que o cerca, mas completamente inserido em um realidade bem maior. Por outras descritas como energia, e outros como somente átomos e fatos que interferem num psicológico profundo; ele tenta chegar na solução. Na resposta.

“só tem esta extra-sensível aqui da marca...... serve?”
Para ele a problemática do mundo é outra, e tão maior que aquela frase corta o horizonte e se perde na escuridão da noite. Para ele as guerras são inexplicáveis e a solução não é tão difícil, mesmo considerando toda a problemática política, (e pior) e religiosa. Tudo se inicia na comunicação. Pois os interesses, no final, são sempre os mesmos.

“E se os interesses forem os mesmos??? E se ele quiser é dá o rabo???” diz o preto velho “ deixa ele ser feliz, que a mulher dele chore, mas que longo me encontre!(que eu como ela) RARARA!”

O mundo esta repleto, existe comida para todos, dinheiro para todos, mulher e homem para todos, só esta mal distribuído. Os “interesses” são os mesmos, e tem o suficiente para que todos o tenham.

Ele e sua cadela andam como se fossem os donos da rua. E com certeza eram. Uma cena de filme “noir” a brasileira. Uma luz cortando o cenário, um fumaça no canto do quadro, Ele e um cão, andando sem rumo, mas para um destino certo: as incertezas!
A vida é passageira e agora eu sou muito mais.

E o mais?

“E agora que resolvi a vida.
Que já achei as respostas pra tudo,
O que eu faço?”

O elevador chega ao andar. Corta completamente o clima de realização pessoal sobre o mundo e todos.
A resposta básica para a vida era: (diante de sua cachorra)
“...é o tudo , o nada, e não importa mesmo. Me concentro no que quero faço e depois, se quiser eu volto ao ponto inicial.”
O elevador abre as portas, ele se levanta do chão e abre a porta para a Princesa passar.
Olhos de peixes,vejam a maior mentira do mundo.
“O amor pode chegar, pode chegar!!!” (um zumbido dentro do ouvido, praticamente um eco de uma marchinha de carnaval) “... e as águas vão rolar...”e assim vai. Num sempre infinito.... (em letras minusculas) ...infinito, sem igual repetindo lá no fundo!faz parte do silencio!no infinito do nada.

Das voltas da memória, vão e voltam. Ali, voltando para seu quarto , na reta final de sua longa jornada em busca da felicidade,( e se bem me lembro não existe felicidade e a verdade não existe) oscilando entre a verdade universal e a compra de uma camisinha no mercado, ele deixa sua companheira Princesa (sua cadela) em seus aposentos, e continua sua jornada ao que intereça.